sexta-feira, 5 de março de 2010

Assaré comemora 101 anos do Poeta Patativa

Assaré comemora 101 anos do Poeta Patativa
A cidade de Assaré gira em torno de Patativa que tem o seu nome nos principais equipamentos do município do Cariri
Patativa do Assaré

"Quando chegar o meu fim, eu sei que a terra me come, mas fica vivo o meu nome para os que gostam de mim". Um dos últimos versos do poeta Patativa do Assaré é uma profecia que agora se confirma no seu aniversário de nascimento. Amigos e admiradores do poeta reverenciam hoje a sua memória, pelo seus 101 anos de nascimento. A programação comemorativa foi aberta no dia 1º e termina hoje com shows de Amazan, Jorge de Altino e Forró do Bom. As comemorações acontecem ainda no âmbito do centenário do poeta. Foram cinco dias de festas que envolveram todos os segmentos da comunidade de Assaré. Oficinas de contos, esculturas em madeira, barro, xilogravura, teatro de bonecos, exposições, palestras, exibição de filme, desafios de violeiros, apresentação de grupos folclóricos, encontro de sanfoneiros regionais e cordéis transformaram a cidade de Assaré no palco das mais expressivas manifestações populares.

Na Serra de Santana, onde o poeta nasceu, no dia 5 de março de 1909, foi inaugurado o "Museu do Poeta-Agricultor", com os objetos agrícolas de Patativa. O secretário de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer de Assaré, Marcos Salmo, justifica que o objetivo do museu é lembrar que Antônio Gonçalves da Silva, conhecido por "Patativa", foi um pobre roceiro que viveu exclusivamente da agricultura, numa casa simples, de taipa, chão batido, como a maioria dos sertanejos da região.

Ali estão os arreios dos animais que eram utilizados na lida diária, a enxada, a foice, o chapéu de palha, o fogão à lenha, o candeeiro, o santuário e o velho rádio, que ligava o poeta com o mundo. "A casa onde nasceu Patativa, restaurada e transformada em museu, é o símbolo maior do sofrimento, da vida aperreada, de um homem simples que, com a sua poesia, se tornou conhecido até no exterior", diz o secretário.

Ao lado do Museu, moram os familiares de Patativa, entre os quais filhos e netos, que, apesar da fama do poeta, vivem da agricultura num pedaço de terra que receberam de herança. Raimundo Alencar, "Mundinho", casado com Inês, a filha mais velha de Patativa, é quem acompanha os visitantes que querem conhecer o Museu.

No momento, ele não está podendo dar assistência aos visitantes porque está convalescendo de uma cirurgia no coração. Inês diz que a festa da família vai ser dentro de casa, comemorando o restabelecimento de Mundinho. "Senhorzinho, como Patativa era conhecido na Serra de Santana, nos ensinou a viver com sobriedade", lembra a filha do poeta, Inês.

Na cidade de Assaré, o clima é de festas. As novas instalações do Memorial Patativa do Assaré que, segundo Fátima Gonçalves, neta do poeta, recebe, em média, 800 pessoas por mês, foi reformado. O auditório, que tinha capacidade para 70 lugares, agora comporta 120 pessoas sentadas. A estrutura de madeira do velho casarão foi restaurada.

Nas ruas, só se fala na festa de Patativa. "Ninguém imaginava que aquele matuto tímido e pobre da Serra de Santana seria tão importante", diz Geraldo Gonçalves, filho mais velho do poeta. É verdade. A cidade de Assaré gira em torno de Patativa que tem o seu nome nos principais equipamentos do município. Universidade, estação de rádio, estrada, rodoviária, escolas e fundações tem o nome do poeta.

"Ele foi o maior divulgador de Assaré. Com a sua poesia, ele projetou o nome de Assaré no Brasil e no exterior", afirma o prefeito do Município, Francisco Evanberto Almeida. Oito anos depois de sua morte, a cidade continua crescendo na sombra do seu nome, conforme reconhece o prefeito.

Versos incomparáveis

A poesia de Patativa do Assaré revela o talento incomparável de uma homem simples que, a partir da inspiração brotada na observação dos fenômenos da natureza, soube traduzir em versos o que quase sempre não se traduz em palavras.

Antônio Gonçalves da Silva teve a vida marcada pelo sofrimento. Perdeu a visão de um olho, quando tinha seis anos de idade. Aos oito anos, perdeu o pai. Trabalhou na roça e frequentou a escola já menino grande, com 12 anos. Já criança, foi solidificando a sua arte, pelas terras quentes do Assaré e na Serra de Santana, hoje em festa.

Símbolo

"Patativa projetou o nome de Assaré, que continua crescendo pelo seu nome"
Evandeberto Almeida - Prefeito de Assaré

"Meu pai nos ensinou a viver com sobriedade. A maior alegria é a união da família"
Inês Alencar - Filha do poeta Patativa do Assaré

"Patativa é o símbolo maior do sofrimento dos seus irmãos sertanejos do Nordeste"
Marcos Salmo - Secretário de Cultura e Turismo do Município de Assaré

Fonte: Diário do Nordeste

Um comentário:

  1. Patativa foi e continuará sendo uma das grandes verdades do nosso povo.
    Parabéns pelo Blog e quando tiver um tempinho, passe no:http://universitarioskariri.blogspot.com/
    Saudações,
    Hildegardis Ferreira

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